PARATY E A FLIP
Recentemente tive a
oportunidade de conhecer Paraty e participar de algumas atividades da Feira
Literária Internacional (FLIP).
Quando se chega a Paraty e se
enxerga a estrutura montada para a FLIP, se compreende perfeitamente a razão da
denominação de Festa Literária, porque se constitui realmente numa bela festa
da Cultura, o maior evento brasileiro do gênero.
Entre os dias 29 de junho e 03
de julho últimos, artistas, leitores e escritores circularam pela linda cidade
histórica fluminense.
Desde 2003, quando da primeira
edição, um escritor falecido é homenageado. A homenageada desta 14ª Edição foi
a carioca Ana Cristina Cesar (1952-1983). Expoente da geração da Poesia
Marginal, que nos anos 70 publicava em jornais e revistas, textos de resistência aos cenários político e
social no Brasil, Ana Cristina recebeu esta homenagem em 2016.
Ao redor do Pavilhão principal
de Feira, encontrava-se farto material fotográfico e textos de Ana Cristina,
bem como depoimentos de seus amigos.
O Centro Histórico de Paraty reúne um dos mais harmoniosos conjuntos
arquitetônicos do país, com um centenário calçamento de pedras e casarões de
portas e janelas coloridas. É ali, entre lojinhas, ateliês e restaurantes que
são instaladas as tendas e outros espaços que recebem a programação da FLIP.
Muitos foram os espaços e as
atrações da Festa. Entre eles destacaremos: A Tenda dos Autores, onde são realizadas
as sessões de autógrafos; O Embarque na Poesia, 50 minutos de degustação
literária a bordo do Barco Desejo; A Flipinha – FLIP para crianças - que se
realiza sob as árvores da praça, de onde pendem livros infantis e os contadores
de estórias encantam os pequenos; a Casa Cais, que reúne escritores de língua
portuguesa de todo o mundo e a Shakespeare House, na Capelinha histórica, onde
se realizaram debates, teatro, filmes, leitura, exposições, envolvendo a obra
do autor, que neste ano completaria 400 anos.
A Festa Literária de Paraty é
sobretudo um local de encontros.
Encontro de escritores com seus leitores. Encontro para troca de ideias.
Escritores de diversos países
do mundo, além é claro dos brasileiros, estiveram presentes em Paraty para
expor suas ideias e divulgar suas obras e quem não conseguiu ingresso para
ouvi-los no Pavilhão principal, pode acompanhar no telão onde o povo compareceu
em massa para acompanhar as palestras e debates. Quem não conseguiu uma
cadeira, que eram centenas, sentou-se no chão, mas não perdeu de ouvir seu autor preferido.
A Literatura de Cordel também
esteve presente nas ruas de Paraty, com Querindina – Marinalva Bezerra e
Macambira – Fernando Rocha.
Um dos importantes nomes que
participaram da FLIP foi Benjamin Moser, escritor americano, mas quase
recifense, biógrafo de Clarice
Lispector, que também palestrou na nossa 32ª Feira do Livro de Canoas, que por
sinal homenageou nesta edição a cidade de Paraty e a FLIP.
Para receber os turistas que invadem a cidade por ocasião
da Festa Literária, a já bela Paraty, nem precisa se enfeitar muito.
Marina Lima Leal, julho de 2016