O MOVIMENTO ESTUDANTIL EM 1968
O ano de 1968 foi marcado por muitos acontecimentos, em diversas partes do mundo.
Para citar, apenas alguns: a "Primavera de Praga", as "Barricadas de Paris" e o Ato Institucional nº 05 no Brasil, se constituem em marcas de 1968 na História.
Na época vivíamos em plena ditadura militar e os movimentos estudantis pipocavam em diversas capitais brasileiras. Protestavam principalmente contra a ditadura, a reforma universitária, os acordos MEC-USAID e pela qualidade do ensino. As manifestações eram dissolvidas por cassetetes, patas de cavalo e gás lacrimogênio.
As passeatas, em Porto Alegre , eram menores e menos frequentes que as do Rio de Janeiro e tinham como ponto de partida a Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que ficava ao lado do prédio da Reitoria.
Lembro-me muito bem, pois naquele ano, eu frequentava o 4° ano do Curso de Ciências Sociais na UFRGS, que mal saíamos do prédio da Filosofia, ao chegar à avenida Osvaldo Aranha, já surgia a polícia militar com seus cavalos, cassetetes e gás lacrimogênio, o que nos obrigava a retornar. Algumas vezes, porém, a polícia era desafiada e a passeata conseguia ir até o centro da capital, onde aconteciam pronunciamentos relâmpagos; muitas lideranças eram presas nestas ocasiões.
O Decreto nº 228, de 1967, impedia as eleições diretas para os Diretórios Centrais de Estudantes (DCEs), porque eles encarnavam uma forte oposição à ditadura. Como alternativa, os estudantes criaram os chamados DCEs Livres que eram extra-oficiais. Em 1968 era presidente do DCE Livre da UFRGS, Luiz Carlos Prado tendo como vice o deputado estadual e ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, que assumiu a presidência do DCE, ainda em 1968, ficando no mandato até o ano seguinte.
O Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt representava os estudantes da Filosofia que congregava 12 cursos, funcionava junto ao bar da Filô e era presidido, em 1968, por José Vieira Loguércio.
Em 13 de dezembro, o presidente Artur da Costa e Silva decretou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), dando início ao período mais fechado e violento da ditadura militar iniciada no Brasil em 31 de março de 1964; como consequência deste ato, foram abolidas as garantias individuais.
Zuenir Ventura, autor do livro: "1968 - O Ano que não terminou" escreve sobre os movimentos estudantis daquela época:
"Os nossos heróis são os jovens que cresceram deixando o cabelo e a imaginação crescerem. Ele amavam os Beatles e os Rolling Stones, protestavam ao som de Caetano, Chico ou Vandré, viam Glauber e Godard, andavam com a alma incendiada de paixão revolucionária e não perdoavam os pais - reais ou ideológicos - por não terem evitado o golpe militar de 64.Era uma juventude que se acreditava política e achava que tudo devia se submeter ao político: o amor, o sexo, a cultura, o comportamento."
Zuenir lançou um novo livro: "1968: O que fizemos de nós", no qual investiga por onde andam alguns dos personagens daquele ano marcante, que lembramos especialmente em 2008, 40 anos depois.
Muito bom o apanhado do que foi o ano de 1968. E parabéns por teres recuperado os nomes dos principais dirigentes estudantis de nossa época.
ResponderExcluirAcho importante este resgate.Acontecimentos importantes, às vezes caem no esquecimento. Acredito que nós que vivemos naquele período, devemos fazê-los chegar às novas gerações.
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