MINHA VIDA PROFISSIONAL
Minha primeira
experiência como professora, já está narrada em um texto, que escrevi em 2009 e
se encontra no meu Blog, em postagem do dia 31 de agosto de 2011.
No início da
década de 1960, quando era estudante do Curso Normal, tive a oportunidade de
lecionar, por dois anos, num Curso Supletivo, que funcionava no Grupo Escolar
Delfina Dias Ferraz, em
Montenegro. Foi uma experiência muito importante, pois pela
primeira vez, pude trabalhar com adultos, trabalhadores, que não tiveram a
oportunidade de concluir seus estudos na idade regular. Além de ensinar,
aprendi bastante com eles.
Em 1965,
quando cursava o primeiro ano do curso de Ciências Sociais, abriu inscrição
para contratos, na rede estadual e eu tive a oportunidade de assumir, no dia 19
de agosto, como professora da rede estadual, na Escola Fátima, no bairro do
mesmo nome, em Canoas.
Morava em Porto Alegre e tinha
que tomar dois ônibus para chegar até a Escola. Não havia o trem metropolitano
e tudo dependia do transporte rodoviário. Havia uma linha de ônibus, que
entrava no bairro e nos deixava a uma quadra da escola, mas tinha apenas um
horário em cada turno e, muitas vezes, quando eu descia do ônibus,que me trazia
do bairro para o centro de Porto Alegre, ele já havia saído.
A rua
Buttenbender, onde se localiza a escola, não era calçada, muito menos
asfaltada, de modo que, quando chovia, ficava um lamaçal, que dificultava muito
o acesso. Normalmente tinha que usar
“galochas” e levar um outro calçado para trocar.
Como estava chegando
à Escola e as outras professoras já estivessem organizadas nas suas turmas, solicitaram-me
que trabalhasse no turno intermediário, que existia naquela época, para poder
acomodar todos os alunos, que procuravam a escola. Funcionava das 11 às 14hs e minhas
aulas na Faculdade começavam justamente às 14 horas. Era um sufoco: ou tinha
que sair da escola antes, ou chegava atrasada na Faculdade. Foi então que, a
Escola Guarani, que ficava próximo da Fátima, precisava de uma professora para
uma turma de primeira série, que funcionava no turno da manhã. Minha diretora,
que se chamava Francelina, me chamou e me fez a proposta de ir atender esta
turma e eu fui, apesar do receio de trabalhar com uma turma de primeira série,
quando sempre preferi trabalhar com crianças maiores. Não me sentia preparada.
A turma era constituída
de alunos repetentes, com idade de 8
a 14 anos e o atendimento tinha que ser individualizado,
porque cada um estava num estágio de aprendizagem. Já tinham passado por
diversas professoras. Foi uma experiência bem difícil. Peguei a turma em
setembro e, até dezembro, consegui alfabetizar alguns, mas foi muito
complicado. Foi das vivências mais difíceis que tive na minha vida
profissional.
No ano
seguinte, voltei para a escola Fátima, para lecionar na 4ª série, no turno da
manhã. Então, tudo se tornou mais tranquilo, porque conseguia chegar à
Faculdade no horário certo, sem prejudicar o trabalho com meus alunos.
No ano de
1967, em virtude de meu casamento, passei a residir em Canoas e, até o final daquele
ano, lecionei na Escola Fátima, onde fiz amizades que continuam até hoje.
Belo relato das vicissitudes do magistério! A propósito do lamaçal da rua Buttenbender, console-se: nos anos 70 a Universidade Federal do Piauí funcionava em galpões provisórios, no próprio campus, enquanto os prédios centrais eram construídos. Um dia, ao sair do carro para ir dar aula, o primeiro passo que dei no terreno foi em um lodaçal onde enterrei até o meio da perna. Foi preciso voltar para casa, felizmente perto dali, para trocar de roupa e calçado. Mas estas dificuldades são depois parte de nossas melhores lembranças.
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