MILITÂNCIA POLÍTICO-PARTIDÁRIA
Vivi grande
parte de minha juventude no período de ditadura militar, quando o governo criou
o bi partidarismo. Pelo Ato Institucional nº 2 de 1965, o Brasil passou a ter
apenas dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) que era o partido
do governo e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sigla que passou a abrigar
todos aqueles que se opunham ao regime. É importante dizer que, apesar ser
considerado de oposição, o MDB tinha seus movimentos controlados – qualquer
atitude ou pronunciamento que criticasse o governo não era permitido e as
punições eram muito severas.
Uma
anedota comum na época do bipartidarismo era dizer que no Brasil havia "o
partido do sim" (a ARENA) e o "partido do sim, senhor" (o MDB).
A piada sugeria que não havia oposição de fato, apenas uma posição de
consentimento e outra de submissão. O Bi-partidarismo vigorou até 1979 e, em
1985, os partidos autodenominados socialistas e comunistas foram novamente
legalizados.
Neste período,
votei nos candidatos do MDB, sem contudo fazer militância política. Em 1986, em
virtude de ter assumido a Secretaria de Educação no governo do prefeito Carlos
Giacomazzi, do PMDB, filiei-me ao partido, não por pressão ou exigência dele,
mas porque achei que era justo, já que estive próxima desta agremiação partidária (o antigo MDB), por um longo período.
No início de
1988, saí da Secretaria por discordar com a posição do governo de punir os
funcionários grevistas e, como os governos do PMDB vinham agindo de maneira semelhante
em muitas regiões do Brasil, contraditoriamente ao que antes defendiam, me afastei do partido.
Neste mesmo
ano me filiei ao Partido dos Trabalhadores, o PT, pelo qual eu tinha uma grande
simpatia, desde sua fundação, em 1980. Ingressei no partido através de meu
ex-aluno, Jairo Jorge, atualmente prefeito de Canoas.
No PT, aprendi
muito sobre a política e a vida partidária. Tínhamos reuniões periódicas onde
discutíamos e tomávamos decisões coletivas. Por diversas gestões participei do
Diretório e da Executiva do Partido, ajudando a tomar decisões importantes para
os rumos do PT. Concorri a vereadora e, em 2004, fui indicada pelo partido a concorrer
a vice-prefeita, na chapa encabeçada pelo canoense Marco Maia, hoje presidente
da Câmara dos Deputados.
Um pouco
depois de me filiar, optei pela corrente interna Democracia Socialista (DS),
por considerar que esta era uma das correntes mais coerentes com os princípios
de fundação do Partido. Tivemos sempre uma grande preocupação com os novos, que
optavam pela DS e nossas atividades de formação eram frequentes, assim como os
debates internos da corrente e do partido como um todo. Nós da Democracia
Socialista tínhamos uma posição muito cuidadosa com relação a política de alianças, quesito no qual fomos vencidos mais tarde, pela
posição de outras correntes internas, que eram favoráveis a alianças amplas.
Nas épocas de
campanha nos engajávamos e íamos para as ruas com nossas propostas e nossas
bandeiras, tentando conquistar a população. No entanto, questionávamos o fato
de lutarmos para chegar à
institucionalidade. Tínhamos dúvidas
sobre seu efeito sobre o partido. O futuro iria nos mostrar que nossa
preocupação tinha sentido.
O Partido dos
Trabalhadores cresceu muito. Hoje temos o governo do município, do estado e do
país e concluo que o PT mudou muito, não é mais aquele da década de 1980,
quando passei a ser uma de suas militantes.
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