segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A Difícil e incessante luta do Magistério


A DIFÍCIL E INCESSANTE LUTA DO MAGISTÉRIO

Desde que abracei a carreira do magistério, na distante década de 60, os professores vem lutando por melhores condições de trabalho e salário mais digno.

Em 1974 conquistamos o Plano de Carreira, que até hoje é considerado um dos melhores do país e que tem sido atacado por diversos governadores, que quiseram terminar com ele.

Em 1979, ainda durante a ditadura militar, fizemos nossa primeira greve e conquistamos a nomeação de mais de 20 mil professores contratados e reajuste salarial. Da primeira greve, até a mais recente, a luta da categoria tem sido uma constante e todas as conquistas que conseguimos, foram a duras penas.

O Piso Salarial, pelo qual o magistério lutou por muitos anos, foi conquistado em 2007, durante o governo Lula, através da Lei 11.738, mas até hoje, a maioria dos estados não o paga, alegando falta de recurso.

Destacarei aqui  a mais recente greve, porque ela se revestiu de uma característica diferenciada – desta vez, o magistério e demais funcionários estaduais fizeram greve, não por novas conquistas, mas porque seus salários de julho e agosto foram parcelados. O governo fez uma escolha, entre tantos gastos, optou por parcelar o salário do funcionalismo. Descumpriu a obrigação mais grave de quem contrata um trabalhador. Não honrou a contraprestação do trabalho feito pelos funcionários públicos estaduais.

Constata-se pois, que a luta não foi por reposição salarial, nem para garantir avanços duramente  conquistados, mas para receber o salário a que tem direito  pelo trabalho prestado.

No último mês de setembro, quando comemoramos a Semana Farroupilha e cantamos orgulhosos “Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda a terra...” presenciamos um acontecimento deplorável: “A casa do povo” impediu, através da força, que os funcionários públicos entrassem para acompanhar a votação do pacote de ajuste fiscal do governo Sartori. Com as galerias vazias o pacote foi votado tranquilamente, inclusive as novas regras para a Previdência, foco principal da luta do funcionalismo. Há que se destacar que os deputados da oposição se retiraram do Plenário e juntaram-se aos manifestantes.

Na Praça da Matriz, do lado de fora, a Brigada Militar, que também teve seus salários parcelados, e dezenas de gradis isolaram o Palácio Farroupilha e impediram a aproximação dos manifestantes, que depois da votação,  tomaram conhecimento da declaração do líder do governo: “Foi um sucesso total. Os dois principais projetos foram aprovados”. Referia-se à Previdência e a proibição de incorporação de funções gratificadas. Um verdadeiro deboche.

As datas comemorativas do “Dia do Professor” e “Dia do Funcionário Público” deste mês de outubro, com certeza serão marcadas, pela  lembrança destes lamentáveis acontecimentos e pela falta de perspectiva de novas conquistas. Lamentamos.

 

Marina Lima Leal

Outubro de 2015

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