sábado, 17 de março de 2012

Minha Geração

 
Considero a minha, como uma geração privilegiada. Vimos grandes transformações e comemoramos muitos avanços em todas as áreas. É claro que vivemos, no Brasil, um grande período de ditadura militar que nos transformou, por um longo período, em uma geração amordaçada, mas apesar dos anos de chumbo, nossa geração testemunhou um período de grande efervescência cultural, de grandes descobertas científicas, de grandes conquistas de grupos antes descriminados como as mulheres, os negros, os homossexuais.
O que movia minha geração era a rebeldia, a contestação, a militância política, uma causa, a impaciência, o voluntarismo. Estas atitudes, como escreve  Zuenir Ventura no livro”1968, o que fizemos de nós”, já não frequentam mais o universo da juventude. Foram substituídos por fenômenos como a inapetência política e a chamada anomia ou ausência de regras. Os jovens voltaram-se para si mesmo.  Predomina o individualismo, com suas consequências.
“Para os sobreviventes de uma geração tão favorecida pela história e cujo projeto ideológico foi embalado, pelas mais promissoras utopias, soa como um pesadelo, a mesquinha pauta política desta primeira década do século”.(Zuenir Ventura no livro citado).  
Mao Tse Tung, Karl Marx e Herbert Marcuse, fizeram a cabeça de nossa geração e Che Guevara era o heróico guerrilheiro da Revolução Cubana, cuja imagem já não provoca a reação que provocava.
Mao Tse Tung foi o fundador da República Popular da China; Karl Marx, filósofo socialista alemão e Herbert Marcuse um dos principais críticos da sociedade capitalista, de consumo e inspirador ideológico do movimento estudantil de protesto, que eclodiu na França e Estados Unidos, em maio de 1968.
Chamar alguém de alienado era a maior ofensa política nos anos 60. O contrário era “engajado”, que era recebido como elogio.
Para os homens, usar cabelo comprido naquela época, era um gesto subversivo, que exigia muita coragem.
Vimos surgir o movimento feminista e a pílula anticoncepcional, que foi desenvolvida antes, em 1957, mas licenciada em 1960, chegando logo depois ao alcance das mulheres brasileiras. A ela se deve a revolução sexual da época.
Nossa geração vivia sem o CD, DVD, telefone celular, internet (Web, Google, Orkut, Facebook, site, e-mail, msn...) controle remoto, forno de microondas, TV em cores, TV a cabo, shopping centers....só para citar algumas coisas, que nossa geração não precisou, para sobreviver. Os jovens de hoje devem achar tudo isto muito estranho. 

2 comentários:

  1. Além de ser politizada, ou mesmo como consequência disto, nossa geração era também muito voltada para elementos culturais: cinema, e os cine-clubes para discussões, além de música, que na época foi de uma rica efervescência. Porém, fomos principalmente uma geração intelectualizada. O que líamos na época não encontra o menor paralelo com as gerações atuais. É lugar comum dizer, mas, apesar do sombrio panorama político, foram bons tempos.

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  2. É verdade. Foi uma pena que nossos filhos não puderam viver época tão rica como foi a da nossa juventude, apesar de termos convivido com a censura e demais mazelas da ditadura.

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