segunda-feira, 19 de março de 2012

A Música Popular Brasileira

Nas décadas de 1960 e 1970 o Brasil vivia uma ditadura militar, que mantinha o controle em vários aspectos da vida social brasileira, principalmente na área da cultura (música, teatro, cinema e literatura). Apesar de toda vigilância, repressão e perseguição dos agentes do DOPS, em todas as áreas ligadas a cultura, surgiram formas de protestos contra o regime militar. Na música, em especial, surgiram canções de cunho social e de protestos, que chegaram a uma grande parcela da população, devido principalmente, a participação desses músicos e dessas canções nos grandes festivais. Esses eram realizados principalmente na cidade de São Paulo, sendo transmitidos a várias regiões do país, atingindo elevada audiência. Devido a grande participação do público passaram a ser sistematicamente vigiados pelos agentes DOPS, como passíveis de subversão contra a moral e o sistema nacional.
A televisão começou a se popularizar em meados da década de 1960, e passou a transmitir os festivais. Nesta época, a TV Record organizou o Festival de Música Popular Brasileira, que passou a ocorrer anualmente, de 1966 a 1969. Nestes festivais foram lançados Milton Nascimento, Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Edu Lobo, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Geraldo Vandré, Tom Zé além de  outros, isto sem falar dos mestres mais velhos, que a todos influenciaram como Tom Jobim e João Gilberto, considerados papas da Bossa Nova.
Um dos ícones musicais da época foi Geraldo Vandré, autor de “Caminhando”, que Millôr Fernandes considerou como a nossa Marselhesa e que se transformou no hino da resistência – “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”
A Bossa-nova, já encontrava em si mesma duas vertentes, a romântica e a engajada, que foi o ponto de partida para inclinações bastante diferentes. É o que observamos nas tendências musicais que se sucederam, como a Jovem Guarda e a Tropicália.
O tropicalismo teve uma grande influência da cultura pop brasileira e internacional e de correntes de vanguarda como, por exemplo, o concretismo. O tropicalismo inovou também em possibilitar um sincretismo entre vários estilos musicais como, por exemplo, rock, bossa nova, baião, samba, bolero, entre outros.
O movimento tropicalista não tinha como objetivo principal utilizar a música como “arma” de combate político à ditadura militar que vigorava no Brasil. Por este motivo, foi muito criticado por aqueles que defendiam as músicas de protesto. Os tropicalistas acreditavam, que a inovação estética musical, já era uma forma revolucionária.

Uma outra crítica que os tropicalistas receberam foi o uso de guitarras elétricas em suas músicas. Muitos músicos tradicionais e nacionalistas acreditavam que, esta era uma forte influência da cultura pop-rock americana e que prejudicava a música brasileira, denotando uma influência estrangeira não positiva.
Os principais representantes do Tropicalismo foram:
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Tom Zé, Jorge Bem, Gal Costa e Maria Bethânia.         

O rock brasileiro passou a ter, com a Jovem Guarda, a adesão em massa da juventude no Brasil dos anos 60. Consagraram-se nomes como Roberto Carlos, Erasmo Carlos (“o Tremendão”), além de intérpretes como Wanderléia, Ronnie Von, Wanderley Cardoso, Rosemary, Jerry Adriani e Sérgio Reis (que mais tarde mudaria radicalmente de estilo, voltando-se para o estilo sertanejo). A origem das bandas brasileiras de rock tem como representantes, Os Incríveis e Renato e seus Blue Caps.
Em poucos momentos de sua história, a música popular brasileira reuniu talentos tão extraordinários quanto na década de 1960, em especial nos anos 67 e 68. Alguns dos nossos melhores compositores, ainda atuais, surgiram ou se formaram naquele período.

2 comentários:

  1. Novamente fizestes um diagnóstico preciso da época, agora no campo musical. Acrescentando: em minha turma de colegas masculinos também curtíamos muito - para usar uma terminologia atual, de Facebook - Martinho da Vila e Vinícius de Morais. De Martinho a música mais apreciada era "Pequeno burguês" ("felicidade! passei no vestibular / mas a faculdade / é particular") até porque era termo corrente no movimento estudantil. E de Vinicius quase tudo, especialmente porque suas letras e sua poesia sempre auxiliaram na hora de passar a conversa nas meninas.

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  2. Muito bem colocado. Eu realmente não tive a pretensão de falar sobre todos os músicos e compositores desta época. Lembrei especialmente dos que participaram dos festivais, porque estes eu acompanhava.
    Não podemos esquecer jamais da contribuição de Vinicius de Moraes, nosso grande poeta e da alegria de Martinho da Vila.

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