domingo, 9 de setembro de 2012

A Política Partidária



MILITÂNCIA POLÍTICO-PARTIDÁRIA

Vivi grande parte de minha juventude no período de ditadura militar, quando o governo criou o bi partidarismo. Pelo Ato Institucional nº 2 de 1965, o Brasil passou a ter apenas dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) que era o partido do governo e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sigla que passou a abrigar todos aqueles que se opunham ao regime. É importante dizer que, apesar ser considerado de oposição, o MDB tinha seus movimentos controlados – qualquer atitude ou pronunciamento que criticasse o governo não era permitido e as punições eram muito severas.
            Uma anedota comum na época do bipartidarismo era dizer que no Brasil havia "o partido do sim" (a ARENA) e o "partido do sim, senhor" (o MDB). A piada sugeria que não havia oposição de fato, apenas uma posição de consentimento e outra de submissão. O Bi-partidarismo vigorou até 1979 e, em 1985, os partidos autodenominados socialistas e comunistas foram novamente legalizados.
Neste período, votei nos candidatos do MDB, sem contudo fazer militância política. Em 1986, em virtude de ter assumido a Secretaria de Educação no governo do prefeito Carlos Giacomazzi, do PMDB, filiei-me ao partido, não por pressão ou exigência dele, mas porque achei que era justo, já que estive próxima desta agremiação  partidária (o antigo MDB), por um longo período.
No início de 1988, saí da Secretaria por discordar com a posição do governo de punir os funcionários grevistas e, como os governos do PMDB vinham agindo de maneira semelhante em muitas regiões do Brasil, contraditoriamente ao que antes  defendiam, me afastei do partido.
Neste mesmo ano me filiei ao Partido dos Trabalhadores, o PT, pelo qual eu tinha uma grande simpatia, desde sua fundação, em 1980. Ingressei no partido através de meu ex-aluno, Jairo Jorge, atualmente prefeito de Canoas.
No PT, aprendi muito sobre a política e a vida partidária. Tínhamos reuniões periódicas onde discutíamos e tomávamos decisões coletivas. Por diversas gestões participei do Diretório e da Executiva do Partido, ajudando a tomar decisões importantes para os rumos do PT. Concorri a vereadora e, em 2004, fui indicada pelo partido a concorrer a vice-prefeita, na chapa encabeçada pelo canoense Marco Maia, hoje presidente da Câmara dos Deputados.
Um pouco depois de me filiar, optei pela corrente interna Democracia Socialista (DS), por considerar que esta era uma das correntes mais coerentes com os princípios de fundação do Partido. Tivemos sempre uma grande preocupação com os novos, que optavam pela DS e nossas atividades de formação eram frequentes, assim como os debates internos da corrente e do partido como um todo. Nós da Democracia Socialista tínhamos uma posição muito cuidadosa com  relação a política de alianças, quesito  no qual fomos vencidos mais tarde, pela posição de outras correntes internas, que eram favoráveis a alianças amplas.
Nas épocas de campanha nos engajávamos e íamos para as ruas com nossas propostas e nossas bandeiras, tentando conquistar a população. No entanto, questionávamos o fato de lutarmos  para chegar à institucionalidade.  Tínhamos dúvidas sobre seu efeito sobre o partido. O futuro iria nos mostrar que nossa preocupação tinha sentido.
O Partido dos Trabalhadores cresceu muito. Hoje temos o governo do município, do estado e do país e concluo que o PT mudou muito, não é mais aquele da década de 1980, quando passei a ser uma de suas militantes.

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