sábado, 18 de fevereiro de 2012

Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt

CENTRO ACADÊMICO FRANKLIN DELANO ROOSEVELT
Em 1965, quando comecei meus estudos universitários, o Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt (CAFDR), entidade que congregava todos os alunos dos diversos curso da Faculdade de Filosofia, dividia o espaço com o Bar da Filô ou Bar do Antônio. Apesar da pesquisa que fiz, não descobri a causa de nosso Centro Acadêmico ter o nome de um ex-presidente dos Estados Unidos.
Naqueles tempos, os “anos de chumbo”, havia uma grande efervescência política na UFRGS. O CAFDR era o local de reuniões “altamente subversivas” do Conselho de Representantes, dos diversos cursos da Faculdade, com eventuais visitas de dirigentes da União Nacional de Estudantes (UNE). Tudo era devidamente vigiado pela polícia política, o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Mais tarde, os participantes das reuniões tiveram provas de que as reuniões eram realmente monitoradas.
Líderes como José Loguércio, Clovis Paim Grivot, Raul Pont, Flávio Koutzii, Renato de Oliveira, Pilla Vares comandavam aquelas assembleias, conscientes dos riscos que corriam; infiltrados entre eles os “ratos”, agentes a serviço do DOPS. Alguns destes líderes, conheci pessoalmente na ocasião, como Clóvis Paim Grivot, que foi presidente do CAFDR neste período, outros como Raul Pont, Flávio Koutzik e Pilla Vares, conheci mais tarde, na militância política.
Flávio Koutzi era o presidente do CAFDR, em abril de 1964 e foi cassado pelos militares. Isto eu só fui saber muito mais tarde, porque neste ano não estava na Faculdade e, quando lá cheguei, estes assuntos, de modo geral, não eram comentados.
Apesar de minha história de participação na política estudantil, durante a etapa anterior de estudos, não fiz parte de nenhuma diretoria do Centro Acadêmico, apesar de acompanhar seu trabalho com muito interesse. Em 1965, comecei também a trabalhar como professora e esta foi a principal razão de eu não ter continuado minha militância na política estudantil. Havia também os problemas da conjuntura em que vivíamos, um período de perseguição aos movimentos sociais, entre eles o movimento estudantil.

Um comentário:

  1. O CAFDR fez parte da vida de muita gente e ficou em nossa memória. Isto é confirmado pelos diversos relatos constantes do livro comemorativo da UFRGS, inclusive a referência à interminável audição a que éramos submetidos, no barzinho da Filô, da música "Que c'est triste Venice", do Charles Aznavour, que parecia ser o único disco disponível.

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