quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Como me tornei aluna da UFRGS

No início do ano de  1965, fiz vestibular para Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na verdade, ganhei um grande estímulo de meu irmão Homero, que me convidou para morar com ele, para fazer a faculdade.
No ano anterior,  terminei o curso Normal em julho e passei o segundo semestre, em Santa Fé, na República Argentina, contemplada que fui, com uma Bolsa de Estudos, oferecida por uma família de lá. Voltei em dezembro para Montenegro e Homero insistiu para que eu prestasse o Vestibular. Não tinha muita esperança de passar, porque não me sentia  preparada  o suficiente. Não havia sobrado muito  tempo para estudar, mas fui fazer as provas. 
Para minha alegria e do meu irmão, passei. Naquela época não havia internet e foi na portaria da velha Faculdade de Filosofia, que fui consultar a lista dos aprovados e meu nome estava lá. Sabia que iria ter dificuldade para me manter na Faculdade, já que ainda não tinha emprego e meus pais já tinham feito o que podiam, custeando meus estudos, até o Curso Normal.
Começar a frequentar as aulas na UFRGS, foi um momento de muita emoção para mim. No início me sentia meio desambientada, por ter vindo de uma cidade pequena e de uma Escola Normal, cujo objetivo não era nos preparar para prestar Vestibular. Tive, pois, algumas dificuldades. Apesar disto,  consegui aprovação em todas as cadeiras, durante todo o curso.
Conhecer meus colegas de turma, foi uma grata surpresa. Falo “turma” porque iniciei meu curso em 1965, quando a gente não se inscrevia por disciplina. O normal era se inscrever em todas as disciplinas oferecidas à  turma, que funcionava todas as tardes. A maioria de nós continuou junto até o fim do curso, como era habitual naquela época. É claro que amizade, fiz com um pequeno grupo, com os quais me identifiquei desde o início: o Raimundo, a Ruth, a Marisa, o Geraldo. Estes eram os “mais chegados”, mas havia a Suzana, a Ilse, a Berlindes, a Valquíria, a Anita, a Sara e outros colegas, que no momento, não recordo os nomes.
Raimundo era meu companheiro permanente do Restaurante Universitário (RU). Raramente não almoçávamos ou jantávamos juntos. Após o almoço ou a janta eram as longas conversas e, às vezes, estudos, que muitas vezes, aconteciam no Parque da Redenção onde nós, aos finais de semana, nos sentávamos sob as árvores a estudar ou a conversar, por horas a fio.
Quando jantávamos juntos, voltávamos para casa a pé pela Osvaldo Aranha. Raimundo me acompanhava até em casa, que ficava na Rua Silva Só e retornava para a dele, que ficava na Felipe Camarão. Porto Alegre era uma cidade tranquila. Não tínhamos preocupação com a segurança.
Não lembro nunca de ter nos faltado assunto. Conversávamos muito, sobre os mais diversos temas. Éramos muito companheiros.
Depois do Raimundo, minhas melhores amigas eram a Ruth e a Marisa; também estudávamos e passeávamos juntas, mas raramente elas almoçavam conosco. Ambas eram professoras e seus horários dificultavam um pouco nossos encontros.
Tenho ótimas lembranças daquele tempo. Foi uma pena que a vida nos separou. Nossa turma nunca organizou aqueles encontros, que a maioria das turmas faz, de tempos em tempos.

Um comentário:

  1. É uma lisonja ser mencionado em memórias tão bem apresentadas de um tempo que vai ficar para sempre em nossa memória.

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