sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Faculdade de Filosofia da UFRGS


Em 1965, quando me tornei aluna da UFRGS, a Faculdade de Filosofia, criada em 1943, englobava uma dúzia de cursos. Da Física ao Jornalismo, da Química e Matemática à História e Ciência Sociais, criada em 1959, que era o meu curso.
O prédio da Faculdade ficava ao lado do da Reitoria e, no mesmo quarteirão, ficava o Colégio de Aplicação, onde todos os que optavam pela Licenciatura, cursavam as Didáticas. Ainda não havia acontecido a Reforma Universitária dos militares, que desmembrou a FF, sem deixar-lhe sequer o nome, além de terminar literalmente com as turmas.
Iniciei meu curso, um ano depois do golpe de estado de 1964. Vivíamos pois, tempos difíceis. Foi a época dos “alunos” e “professores” espiões, os chamados “dedo duros” que se infiltravam nas turmas para fornecerem informações para os órgãos de repressão. Desconfiávamos até, que também estavam infiltrados em nossa turma. Eram tempos de receio e vigilância.
Novas palavras foram fazendo parte de nosso vocabulário como: cassação, expurgo, aposentadoria compulsória, exílio e outras tantas, que não quero recordar.
A diversidade e a pluralidade da Filosofia faziam com que ela fosse o centro nervoso do movimento estudantil e, por isso, era tratada pelos defensores do autoritarismo, como o local que concentrava o maior número de “subversivos” por metro quadrado.
Houve muitas cassações entre os professores da Filosofia, entre eles, nosso professor Leônidas Xausa, que nos dava aulas de Política e foi cassado em 1969, no 2º ciclo repressivo, pós Ato Institucional número 5, de dezembro de 1968.
Com todo o controle e repressão, poucos de nós continuaram resistindo. A maioria emudeceu e passou a constituir, o que mais tarde foi definida, como a “geração amordaçada”.

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